Ontem (09/09/14), fizemos uma entrevista com o guitarrista da banda Agressive State, Lucas Senado. Ele nos revelou como se deu a formação da banda, as suas principais inspirações musicais e, além disso, nos explicou o nome da banda e nos contou um pouco da experiência que tiveram até agora. A Agressive State é primeira banda a tocar no show de inauguração do projeto que irá acontecer amanhã, às 16h, no IFPA Campus Belém (Entre Almirante Barroso e Mariz e Barros, Bloco A, ao lado do Auditório Central).
A banda é composta de 5 integrantes: Gabriel Freire (vocal), Lucas Senado (guitarra), Rafael Pimentel (guitarra), Paulo Victor Marinho (baixo/vocal de apoio), David Feitosa (bateria).
Integrantes da banda Agressive StateI |
P: Quando e como surgiu o Agressive State?
Lucas: Olha, o Agressive já tem quase um ano. Começou
na minha escola, eu tocava guitarra e o outro guitarrista, o Rafael, estudava
também na mesma escola, mas, quando comecei a tocar, ele já estava saindo de lá. Então a gente “meio” que se desencontrou. Aí, um dia, na internet tem uma página aqui de Belém, que é a “Forme sua banda”. A gente entrou em
contato com algumas pessoas... Foi praticamente tudo pela internet, porque a
gente já se conhecia, mas não nos falávamos muito e o resto [dos integrantes] a gente foi
pegando. Tanto que um garoto mora na Pedreira, outro mora em Icoaraci, outra na
Cidade Nova... Então é um de cada lado de Belém mesmo. A gente se reúne pela
internet mesmo.
P: E como se configurou essa formação?
Lucas: Assim, no início a banda já teve três
formações, principalmente com baixista... Baixista trocou o tempo todo, mas
guitarrista, baterista, vocalista... Enfim, sempre foram os mesmos. No começo,
a gente queria fazer uma coisa assim: Nós queriamos tocar Heavy Metal, porque a
gente gostava e tínhamos muita influência de bandas desse tipo. A gente
gostava muito de Iron Maiden, Black Sabbath principalmente... Essas bandas
clássicas, e a gente queria botar... A gente estava aprendendo ainda, estava começando a construir com as nossas influências, a nossa forma de
tocar. Até mesmo porque não eramos músicos profissionais ainda. A gente
estava aprendendo a tocar e íamos ouvindo uma coisa diferente, tentando
aprender... Tentando construir alguma coisa. Tanto que, pra criar esse nome, a gente passou por vários outros nomes. Um mais pior
que o outro, até a gente tentar encontrar alguma coisa assim que nós gostássemos mesmo. E no final de tudo foi o Thrash Metal, nem foi tanto o Heavy.
Tanto que o gênero que nós tocamos hoje em dia é Heavy e Thrash Metal,
mas, na verdade, a gente pega aquela linha de Thrash Metal: Bateria rápida,
guitarra um pouquinha mais pesada, a voz não precisa ser com gritos agudos...
P: Qual o objetivo da banda?
Lucas: Então, o que a gente quer com a banda... Assim, estamos criando músicas
autorais. A nossa linha de raciocínio é criar músicas um pouco
parecidas com Slayer, Megadeth... que têm músicas que criticam o governo, que
fazem críticas ao ser humano, que tentam mostrar pra gente que podemos ser
uma pessoa melhor e, de certa forma, agir de uma forma diferente, tentando olhar
de verdade o que acontece no mundo. Tem uma letra de uma música que a gente
fez que o nome da música é “Entre sangue e lágrimas” ["Blood and Tears"]. Se vocês verem a letra, vão achar muito
interessante. Fui eu que escrevi a letra e conta mais ou menos assim: Fala
que a gente vive num mundo de guerra, que vivemos numa disputa entre
raças, por poder e fala que a gente vive no meio de tudo
isso e não faz nada, sabe? A gente vive entre sangue e lágrimas, vemos pessoas
morrendo e não podemos fazer nada porque somos censurado, a gente não
tem esse direito. Então, assim como o Megadeth, eles têm uma coisa de falar muito em suas letras sobre o governo, e tem outras bandas também
de outros gêneros, como no New Metal; tem o System of a Down que fala bastante sobre o
governo. Inclusive eles são humanitários e tal, eles viajam, eles têm as coisas
deles, os projetos que ajudam as pessoas ao redor do mundo. A nossa linha
de raciocínio é mais ou menos essa. É tentar conscientizar as pessoas. Quando as pessoas pensam em Agressive State, normalmente a
gente pensa em “estado agressivo”, mas não chega a ser um estado emocional ou algo do tipo. Esse estado, se você parar pra ver, tem a ver
com Estado de local, país... Esse tipo de Estado. Então é como se a gente
vivesse num tipo de Estado agressivo, entende? Mais ou menos na localidade onde
a gente vive e não os nossos sentimentos.
P: O que inspira vocês a tocar?
Lucas: Desde criança, todos nós da banda já
sofremos uma influência muito forte, a gente gosta mesmo de tocar isso e
é uma coisa muito prazerosa. Infelizmente, não temos tanto valor,
principalmente aqui em Belém. Tem bandas que são muito boas e não têm nem
onde tocar. Elas têm equipamento caríssimo, tipo guitarra de sete,
cinco mil reais que os caras compram de outros países... Equipamentos super
caros. As bandas fazem estúdios aqui mas não tem onde tocar, toca em bar... Tipo, tem muita banda famosa aqui. A gente toca mesmo porque gostamos, é
uma coisa que faz bem pra gente de certa forma. Mas é uma coisa muito
estressante às vezes... Porém, no fim, a gente espera que um dia dê certo, porque é um trabalho muito cansativo. A gente faz isso porque gostamos dessa vida. Tentamos driblar os problemas da vida, da escola e tudo
isso sempre garante o tempo para a banda
.
P: Quais são as principais influências de vocês?
Lucas: Olha, como eu falei no começo, a gente vem bem do Thrash Metal. O Thrash tem uma coisa interessante porque ele tem
tanto a influência do movimento punk e também tem a influência de diversos
tipos de música, até de música erudita. Por exemplo, se você ouvir Metallica,
as músicas do primeiro álbum, “The Black Album”, são super trash. Se você parar para ouvir “One” e “Nothing Else Matters”, elas
já têm uma pegada assim já, tipo... Quem entende de música vai saber que
aquelas escalas, aquelas tonalidades tem coisa egípcia no meio,
e principalmente o Megadeth, tem muita coisa egípcia. Então as
influências mesmo eu acredito que sejam basicamente quatro bandas: Metallica, nosso show é praticamente um tributo à eles porque a gente
toca umas cinco e, se precisar, até mais músicas. Mas,
normalmente, o tempo não dá... A gente toca mesmo Metallica, Megadeth, com a
questão das críticas, Anthrax, que tem aquela coisa antiga. O Anthrax
é bem antigo - tipo, o Metallica e o Megadeth são vertentes do Heavy Metal - e então ele é aquele thrash muito antigo que, pela tonalidade, se percebe que os caras gravaram aquela música em um estúdio dos piores
que existem e com instrumentos dos mais baratos que tinham. Então, as nossas influências
são as coisas bem antigas mesmo e que apesar de todas as dificuldades conseguiram fazer uma coisa única e original. Então, Anthrax, Metallica,
Megadeth e Slayer. O Slayer tem uma coisa que é onde eu quero
chegar... Talvez botar umas coisas mais
limpas, mais Metallica, fazer umas músicas mais lentas, mas uma coisa Slayer
mesmo que é uma coisa que tu não consegue ficar parado, sabe? Uma bateria com
pedal duplo, uma coisa bem rápida, e acho que, no fundo, é onde a gente quer
chegar.
P: Na sua opinião, o que falta para que a cena musical
se desenvolva em Belém?
Lucas: Tem a questão da falta de aceitação da
população, já que muita gente nem conhece. Se você for falar desse tipo de música
vão achar que você é louco... Meu pai mesmo às vezes pede para eu
tocar alguma coisa e eu não sei do que ele está falando. Então imagino que se
eu falar "Pai, eu sei tocar isso", ele não vai saber do que estou falando.
Acho que é uma questão de apoio à cultura, e aqui em Belém não tem
esse tipo de apoio. Se formos parar para ver, estamos em época de eleição. A gente tem um ou dois candidatos que falam que vão apoiar a cultura, mas em
relação a todos aqueles são muito poucos. Não é só na área da música; é na área de teatro também, por exemplo. Eu fui fazer escola de música na UFPA e tocava
violoncelo. Lá dentro, você percebe que não tem
sentido, porque você passa dois anos lá e o professor quer que você toque com
crianças que entraram na semana passada. Então, você não sente aquele incentivo
de “aprende tal música, porque ela é mais
difícil e tu vai conseguir ”ou “se tu
conseguir essa música tu vai subir de nível”... não tem essa coisa. Tu
aprende e ele vai te enrolando. Quem está um nível acima eless
não incentivam. Hoje em dia,
eu tenho vontade de promover evento, criar uma espécie de festival para
bandas independentes. Eu vou ter que procurar gente pra me apoiar,
certo? Tem algumas pessoas que apoiam aqui em Belém, como o Marcelo do blog Metal Pará, tem o Ed Moreira da Cidade
Nova, tem a galera do Distro Rock...
Tem algumas pessoas que apoiam aqui em Belém, mas deveria ter uma pessoa que fosse a intercessão entre a prefeitura, uma coisa
governamental com a galera que entende. Às vezes você quer fazer, mas não tem
local, ou se você se mete naquele local, de repente para o carro da polícia e diz
que não pode. Então você acaba sem saber qual é o seu direito, se pode ou se
não pode ou com quem se deve falar... Deveria ter alguém para interligar essas
pessoas.
Lucas: Assim, o Agressive tem pouco tempo, mas há
dois anos eu não tocava instrumento algum, não sabia quase nada de música. Comecei a me esforçar, a aprender e eu ia muito em shows. E eu via locais ”. E só nos falamos pela internet; cada um escutava sua parte
pra ensaiar tal dia. Chegando o dia, todo mundo tocou como profissional e,
frequentando locais como Heavy Bar, não tinha visto coisa legal assim como o que a
gente tocava. O equipamento é uma coisa essencial, porque o local pode
ser grande, pode ser pequeno... Mas, o equipamento é essencial. Eu tenho
uma guitarra, boa, muito boa, tenho duas pedaleiras, tenho um equipamento
razoável. Se chego num local que tem um cubo de guitarra saturado, isso vai simplesmente acabar com o show, porque ninguém vai entender nada, o som vai
embolar... Às vezes eu tenho o trabalho de criar um efeito e quando vou ligar lá, o efeito vai sair totalmente ao avesso do que eu tinha feito. Então, o
equipamento é muito importante. É um pouquinho de cada, o espaço é
importante por causa da acústica, mas nem sempre o som precisa estar muito alto
pra curtir, entendeu? Por exemplo, o primeiro show do Agressive foi num clube de motoqueiros, em Ananindeua, e o clube era
um bar. O local era muito
pequeno, mas a gente ajeitou de uma forma que dava para ouvir tudo. Ninguém
reclamou do som, sabendo passar o som e ajeitar, aumentar, diminuir e botar
tudo no mesmo nível fica legal.
muito
pequenos, lotados, com uma banda muito ruim tocando. Mesmo assim, todo mundo
gostava. Depois que aprendi a tocar a gente foi no nosso primeiro ensaio e ensaiomos de uma forma que eu fiquei “cara,
eu já vi bandas tocarem para grandes públicos, assim, e eram pior do que a
gente
P: Vocês praticamente se encontraram e se conheceram
através da internet. Então, você acha que a harmonia de vocês foi
mais pelo ensaio, pelos encontros de vocês,
ou foi mais por vocês ouvirem e tocarem coisas parecidas?
Lucas: O Gabriel Freire, que é o vocalista, gosta mais de
bandas de Metal Core, então foi meio difícil para nós no começo fazer uma
coisa meio certinha, sabe? A gente não queria erro, queríamos uma coisa
bem espontânea, que a gente não ficasse preso e forçados à cifras, que pudéssemos improvisar os nossos solos, que a gente pudesse emendar uma música pra
outra, que pudéssemos fazer uma coisa diferente e sem ficar presos àquelas
coisas antigas. Até porque hoje em dia tem muita banda que é muito
certinha e não dá certo, por isso a gente tentou fazer uma coisa natural, que
fosse fácil para todo mundo e se adaptar um ao jeito do outro. A voz do Gabriel
tinha um pouco de gutural, tinha influência de banda de Metal Core e eu, por
exemplo, já tinha uma influência de Metallica, Megadeth, mais thrash. O Rafael
já era mais Heavy Metal e Indie Rock. O baterista também era Metal Core. O Paulo Victor que é o novo baixista tem influências de bandas como Metallica, Nirvana, Red Hot Chilli Peppers e tem uma banda cover de Nirvana chamada Frances. Graças a ele nós estamos com shows marcados pois ele conhece muita gente da área e digamos que ajudou a "alavancar" nosso número de apresentações. A
gente foi se adaptando, tentando criar uma coisa que desse para todo mundo.
Tanto que já mudamos de gênero uma vez, tentou ver se dava
certo tocar Death Metal e Thrash Metal, porque a gente ia continuar tocando as
mesmas músicas, só ia tirar algumas de Heavy Metal e colocar uns Death. Só que
a gente voltou no Heavy porque já estava uma coisa bem feita, sabe? E nós iamos arriscar demais passando para Death e ia ficar limitado em relação à banda.
Então achamos que ficaria mais fácil mesmo ficar no Heavy Metal. A influência
que cada um tinha de certa forma ajudou bastante. A nossa proposta era fazer
uma coisa, tipo, tocar Heavy Metal com uma pegada de Thrash. A gente toca Paranoid do Black Sabbath, aí quando chega perto do final começa a tocar um
pedal duplo e aí a gente começa a improvisar solos, então ficou uma coisa bem
livre, sabe? Misturar os gêneros.
P: Até para dar um pouco de diversão, não é?
Lucas: Sim, isso tem uma coisa legal porque o nosso primeiro
baixista mexeu bem com a gente. Ele fez com ”. Então
a gente faz as versões, tipo, em Master
of Puppets cortamos a parte lenta, porque a gente já está tocando uma
coisa tão rápida que parar e tocar a parte lenta fica uma coisa meio caída, e
quem está pulando lá [na plateia] vai parar. Tentamos mexer e se adaptar um ao jeito
do outro; tanto que a gente modificou o
nosso gênero, que é uma coisa que não é tão natural, né? Heavy e Thrash Metal.
Com relação ao repertório é importante que cada um contribuiu com um pouco, cada
um deu a sua ideia e a gente acabou acertando.
que a gente criasse versões de
músicas. A gente toca, inclusive, músicas que ninguém conhece, mas quando você ouve a música fica na sua cabeça, e se você for pesquisar vai achar “caraca, essa música não parece com a que
eles tocaram e a que eles tocaram estava mais legal que essa aqui
P: Vocês tem alguma previsão de gravar algum som?
Lucas: A gente tá ensaiando num estúdio e, provavelmente daqui a dois meses, no máximo, vamos gravar essa música ["Blood and Tears"], e já tem duas
que a gente tá tentando, que é mais ou menos a mesma linha, assim, Thrash Metal
com essa letras bem críticas. No dia da apresentação a gente vai tocar só uma
autoral, que é a que já está certamente pronta.
Então, se vocês gostaram da Agressive State, venham assistir eles em ação amanhã (11/09/14) no Planeta do Som. Ah, e não se esqueçam de curtir a página deles no facebook clicando aqui!
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Entrevistadores: Tamires Nobre e Mateus Ataíde
Transcrição: Samuel Ferreira
Edição: Tamires Nobre