domingo, 21 de setembro de 2014

Entrevista com Paulo Victor Marinho e Alexandre Santos, da banda Frances

Fizemos uma entrevista nesta última quarta-feira (17/09/14) com Paulo Victor Marinho e Alexandre Santos, integrantes da banda cover de Nirvana Frances (guitarra solo/vocal e bateria, respectivamente) que vai tocar no show de comemoração do Aniversário do IFPA (dia 23/09/14). Eles nos falaram sobre o processo de montagem de uma banda cover, como se deu a escolha para tocar Nirvana e até deram opiniões sobre o tema "Cover x Versão". Além deles, a banda é composta também pela baixista Taiane Peixoto.

Banda Frances.
 P: Como se deu a formação da banda?
Alexandre: Vi uma postagem em um grupo do Facebook, chamado “Forme a sua banda”. Estavam procurando por um baterista e tinha um repertório lá que me agradou. Entrei em contato e a gente marcou um ensaio, que foi produtivo e bom. No começo eram quatro integrantes, depois optamos por fazer cover só de uma banda, até porque estávamos atrasando um pouco. O nome da banda era Light Heavy e nós tocávamos do leve ao pesado, de Beatles ao Metallica. Era para a gente tocar em aniversário até hoje... As pessoas gostam, não é? E aí vimos que tocávamos muito mais músicas do Nirvana, e logo pensamos: “Por quê não tocar apenas músicas do Nirvana?”. Todo mundo gostava de Nirvana, e foi assim o que se deu a formação da banda.

P: Qual o objetivo de vocês ao tocar músicas do Nirvana?
Paulo Victor: Aqui em Belém não existe banda boa que toque Nirvana. As pessoas pensam que é fácil tocar músicas do Nirvana, mas manter o ritmo, pegar o riff certo, pegar a letra certa, fazer aquilo no palco é completamente diferente e aqui tem uma carência disso.
Alexandre: As pessoas se baseiam muito no fato que nossa banda tem três integrantes, mas cada “sujinho”, cada distorção mal feita foi feita propositalmente. Então a gente tenta reproduzir ao máximo o que eles fizeram.
Paulo Victor: Não só na música, mas também nas roupas. No IFPA, a gente vai tentar fazer uma “mega produção”, sabe? A gente vai tentar fazer um videoclipe igual ao do Nirvana, um show igual ao deles, e a entrada também...

P: Apesar de ser uma banda cover, vocês tem alguma intenção de fazer músicas autorais?
Paulo Victor: A gente tinha no início, né? Até gravamos uma música no Coca-Cola Music , mas, em uma conversa entre a banda, decidimos fazer cover do Nirvana, até por essa carência que fale antes. Não sei no futuro, mas por enquanto não. A gente teve uma abertura de público muito maior quando começamos a fazer apenas cover do Nirvana. O público aumentou muito mesmo.

P: Qual foi o primeiro contanto de vocês com o Nirvana?
Alexandre: A primeira vez que ouvi Nirvana foi quando tentei tocar pela primeira vez e é lógico que não pensei em algo muito difícil, porque eu estava começando a tocar. Procurei algumas coisas que soavam simples e uma delas foi o Nirvana. Também gostei muito da voz do Kurt, achei bem interessante.
Paulo Victor: Bom, acho que já tem uns 10 anos que escuto Nirvana. Eu queria muito aprender  a tocar violão porque tinha escutado uma música na rádio, Come As You Are. Eu fiquei: “Égua, como que toca aquilo?”. Um amigo meu me deu um CD deles e eu não tinha som em casa, então fui na casa do vizinho e fiquei escutando. Quando cheguei em casa quase me mataram, falando que o Kurt tinha se matado, que aquilo era coisa de doido, era só gritaria. Eu aprendi a falar inglês por causa do Nirvana... E foi assim que os conheci.

P: Tem muita gente que considera o Nirvana como uma banda simples por ter três pessoas. Vocês acham difícil fazer cover deles?
Alexandre: Cara, é muito fácil ir no cifras.com, pegar o dó re mi e fazer um som parecido. Agora pegar isso e unir as distorções, os pratos de ataque... Porque uma hora tem que ser mais leve, já outras tem que ser na “porradeira” mesmo; tem horas que é só o surdo e a caixa. Então a gente tenta deixar bem fiel mesmo, embora não consigamos, lógico.
Paulo Victor: Muita gente pega uma música, tipo “Bridge” por exemplo... Se o cara for pegar e tocar a música só em riff, ele vai perceber que está tudo errado, porque eu tenho muitos DVD’s de documentários sobre o Kurt e, por isso, sei como ele fazia o acorde. Não quero me gabar, mas eu tento tocar o mais próximo possível do Kurt, tanto que eu consigo tirar o som em relação à pedal. Comprei o mesmo pedal que ele usava, tentando o máximo possível; não adianta apenas chegar e tocar. Algo que acontece em qualquer banda: no primeiro ensaio, a primeira música que vão tocar é “Smells Like Teen Spirit” e “Que País é Esse?”, que são três notas. Aí o cara não sabe cantar, tocam o refrão desafinado, não conseguem atingir o tom, assim como muitas bandas de Belém não conseguem atingir o tom do Kurt. Não é só tocar as mais conhecidas - eu toco “Smells Like Teen Spirit” só por tocar, porque eu sei que o pessoal vai pirar - mas, para mim, as menos conhecidas, como, por exemplo, do álbum Bleach, são as melhores. Nos 15 minutos iniciais dos nossos shows, tocamos as mais conhecidas, mas depois disso tem gente que vai ficar “voando” porque vamos tocar músicas que ninguém conhece.

P: Em relação à técnica, equipamento e estética, o que vocês acham dos covers de Belém?
Paulo Victor: Cara, noventa por cento das bandas covers de Belém não prestam. Eu vi uma cover do Green Day, em que eles se vestiam como a banda original; eu vi umas fotos e achei bem bacana. Tem o pessoal do AC DC cover, em  que o vocalista canta igualzinho ao da banda original. Mas outras bandas não me agradam muito.
Alexandre: Tem casos em que uma banda que faz cover do Nirvana também faz cover de outras cinco bandas, usando o mesmo material, o mesmo equipamento, mudando apenas as músicas. É algo que sempre tive comigo: se quer fazer cover, então faça direito! Porque o cara que se propõe a fazer cover, ele sabe que está levando a música da banda... Então, se você toca uma música “meia boca”, vai ser o mesmo que queimar o nome da banda. Tem muitos casos desses por aí, o cara leva um amigo que não conhece a banda, e, quando chega na hora, a banda cover faz um cover mal feito, o que vai acabar passando uma má imagem da banda original. É por isso que acho que deveria ter mais foco nessas questões.

P: A maioria não quer fazer um cover bem feito e poucos querem fazer música autoral, logo, muitos misturam os dois e acabam não fazendo um bom cover e nem uma boa música autoral. Então é como se estivéssem vendendo um produto ruim aqui?
Alexandre: É como se os valores estivessem invertidos, tem banda que quer e faz um bom cover, mas não tem espaço aqui. Enquanto tem vários que fazem cover “meia boca” têm mais espaço e tocam quase todos os dias. E ainda ganham dinheiro.

P: Vocês acham que é a motivação financeira que está estragando as bandas covers?
Paulo Victor: É, tipo assim, tem uma palavra que estraga com tudo:  “panelinha”. Tem “panelinha” em todo lugar. É aquele “amigo meu vai tocar aqui” ou “não, vocês não vão tocar aqui porque já temos cover dessa banda”. Tem aqueles caras que já estão há mais de três anos em um local, as pessoas já até sabem o que eles vão tocar. As pessoas querem coisas novas. Tem shows de certas bandas que as pessoas vão para lá e pensam: “vou dar dinheiro de novo para ver isso?”. Vocês sabem que ninguém dá trinta reais para ver uma banda cover, só se for aquela banda cover que passa até na TV. Teve uma banda cover que veio de outro estado, e esses caras mandam muito bem, eles são a cópia do Red Hot. Tem também o Pink Floyd Project que veio para cá, eles são perfeitos, os caras realmente são muito bons.

P: O que vocês acham das diferentes versões de músicas já feitas?
Paulo Victor: Cara, eu já vi uma versão de “Smells Like Teen Spirit”, na hora do refrão não tem aquele grito do Kurt... Ficou muito bom, cara. Foi uma mulher que fez, e eu acho que ela conseguiu passar o trabalho dela, mas também conseguiu passar aquela essência do Nirvana. Até agora, essa foi uma das melhores versões de música do Nirvana que já vi. Eu gosto muito dessas versões, acho bem bacana. Contanto que seja uma versão boa.
Alexandre: Existe uma grande diferença entre versão e cover mal feito, não é? Tem cara que vai cantar “Smells Like Teen Spirit”, e, na hora do refrão, parece uma galinha sendo esganada. Ainda tem outra questão: é praticamente impossível pegar uma música que você já sabe qual é o elevado e o que vai ser feito na música, e você pegar e transformar aquilo em uma coisa totalmente diferente é bem difícil de fazer. O cara tem que ter um ouvido muito bom para música.

P: É até mais difícil do que fazer uma música autoral, não é?
Alexandre: Com certeza. Um exemplo disso é da banda Sambô, que nem é uma banda de rock, e fez uma versão de “Smells Like Teen Spirit”. Achei que ficou muito bom. Para fazer versão de música, a melhor banda é o Metallica: eles pegaram a música “Turn the Page” e tocaram, e o /róprio Bob, autor da música, falou que a versão do Metallica era melhor do que a dele. O cara tem que ter uma musicalidade no sangue para fazer uma cover melhor até do que a banda “dona da música”, além de ser uma responsabilidade bem grande.

P: De onde veio o nome da banda?
Paulo Victor: Todos pensam que é por causa da filha do Kurt, mas não tem nada a ver. O nome “Frances vem da música “Frances Farmer Will Have Her Revenge On Seattle”, que é do Nirvana e é nossa música favorita. É uma música que, quando escutei, pensei: Cara, essa música é muito boa! A música envolve aquela “coisa calma” do Nirvana, o refrão não é tão pesado, mas quando vem a parte do solo - que não é solo - é tipo uma ponte, parece que a música chega em outro patamar, parece que o Kurt “desce” em mim, sabe? É a melhor parte da música.
Alexandre: Sem contar que foi uma coisa totalmente aleatória, enquanto estávamos conversando, pensamos: Que tal “Frances”? Ninguém tinha pensado na filha do Kurt, mas na música.
Paulo Victor: Frances Farmer foi uma atriz na década de 50, se não me engano, e o Kurt a admirava muito, ele era muito feminista. Tanto é que o Nirvana está “voltando” com várias mulheres vocalistas. E eu fui atrás da história da Frances Farmer, ver como ela era... E ela era muito bonita. Conversei com a Tayane, baixista da banda, liguei pro baterista, e perguntei: Que tal Frances Farmer? Mas acharam meio longo, logo, sugeriram apenas Frances, achamos bacana e optamos apenas pelo Frances. O nome de antes era Light Heavy, mas, quando trocamos o nome, recebemos 100 curtidas em apenas um dia. Eu até postei na página: Daqui para frente, vamos ser cover do Nirvana. O pessoal achou bacana, um amigo até ligou para mim. Acho que nosso show de inauguração da Frances foi em Outeiro.

P: Vocês querem mandar alguma mensagem pro pessoal que vai assistir o show do dia 23/09?Paulo Victor: Bom, o que a gente quer passar nesse show é uma “nova cara” da Frances, a gente quer tocar, a gente quer fazer o show. Vamos tentar fazer de tudo mesmo, tentar passar a essência do Nirvana. A entrada, por exemplo, não vou falar agora para não estragar a surpresa. Já estamos há mais de um ano tocando como Nirvana cover, e acho que a gente consegue mesmo passar um pouco do Nirvana, da primeira até a última música. Tenho certeza que vocês vão gostar. Espero que todos curtam a banda.

Se você quiser conhecer mais sobre a banda, curta a page deles no Facebook clicando aqui. Mas o melhor mesmo é ir lá ouvir o som deles no show de Aniversário do IFPA, no dia 21/09/14, a partir das 18h. Não perca! Entrada franca!



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Entrevistadores: Tamires Nobre e Mateus Ataíde
Transcrição: Samuel Ferreira
Edição: Tamires Nobre
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