sábado, 27 de setembro de 2014

Entrevista com Diego Lourinho, da banda Campo de Batalha

Na semana passada (22/09/14), entrevistamos o baterista Diego Lourinho da banda Campo de Batalha, que tocou no projeto no dia 23/09/14 e foi uma das primeiras atrações no show de comemoração ao aniversário do IFPA (Instituto Federal do Pará) - Campus Belém. Além do Diego, a banda é composta por Alex Souza (guitarra base), Fábio Santos (teclado), Michel Thiago (baixo), Samuel Rodrigues (vocal) e Josué Abner (guitarra solo).
A banda Campo de Batalha.
P: Como surgiu a banda "Campo de Batalha"?
Diego: Tínhamos outro nome e outra formação; o nome da banda era “Enaltecer”.  Alguns integrantes saíram por motivos pessoais, alguns viajaram à trabalho, outros saíram porque quiseram. Então, fiquei como único integrante remanescente da banda. Recrutei novos integrantes ainda com o nome “Anoitecer”, e, depois que consolidamos os novos integrantes, Alex, o guitarrista, sugeriu que mudássemos o nome da banda. Pensamos e logo chegamos ao nome atual: “Campo de Batalha”, que tem o sentido de uma batalha espiritual. Nós, como uma banda cristã, cremos nos “resgate” do homem, na sua salvação através da fé em Jesus, logo entendemos que isso é uma batalha espiritual, há um campo em que vivemos, um meio, e a batalha espiritual acontece nele. Foi dessa maneira que surgiu a banda.

P: Quanto às suas músicas, elas são autorais ou covers?
Diego: A respeito das autorais, ainda estamos no processo de composição. Desde o começo do ano, quando temos tempo após os ensaios, nós sentamos e tentamos compor algo. Temos algumas letras escritas, alguns arranjos em fase de composição, mas ainda não temos nada definido. Pretendemos, ainda neste semestre, após nossos shows, sentarmos para compor as músicas e fazer as bases para, pelo menos, em Janeiro ou Fevereiro já estarmos em processo de produção para tentarmos gravar nossa demo e termos nosso material físico e virtual para que possamos divulgar para a galera.

P: A respeito do estereótipo que existe em relação às bandas cristãs, o que você nos diz?
Diego: Na verdade,vocês são os primeiros que nos perguntam sobre isso. Mas vemos estampado nas expressões das pessoas essa idéia de estereótipo. Quando vamos às igrejas, percebemos certo espanto por parte das pessoas, principalmente nas pessoas com mais idade. Quando já estamos na segunda ou terceira música, já percebemos uma euforia por parte dos jovens, querendo interagir conosco, querendo participar, mas fica aquela coisa, né? Porque na igreja as pessoas estão acostumadas com hinos mais calmos, ou até um pop rock. Quando tocamos em eventos abertos, o pessoal já vem com o intuito de curtir o evento, então quando partimos para uma coisa mais pesada o pessoal realmente curte e gosta dos arranjos. Nós pegamos algumas músicas do hinário cristão, algumas músicas muito famosas nos meios protestante e católico e as transformamos em heavy metal. De início, as pessoas não reconhecem as músicas, mas quando escutam a letra, o pessoal já chega perto da banda, começam a interagir conosco.

P: Quando vocês vão a outros eventos, como é a receptividade das outras bandas?
Diego: A princípio, quando as bandas não nos conhecem, rolam algumas coisas como: “Caraca, heavy metal cristão?”. Mas, muitas vezes, conhecemos pessoas de mente aberta, que ficam curiosas à nosso respeito. Então, imagina o Angra com letras cristãs; eu digo que, basicamente, somos isso. É claro que não estamos no mesmo nível, né? Angra é “top dos tops” no heavy metal, mas a idéia de arranjos é seguir o mesmo ritmo. Também somos muito influenciados pelo Dream Theater, Oficina G3, que são bandas de metal progressivo que curtimos bastante e as consideramos como influência para fazer nosso estilo. Voltando a questão da receptividade, as pessoas falam, mas depois vêem que não somos um “bicho de sete cabeças”, que não somos aquelas pessoas que prezam apenas pela formalidade, que somos apenas seres humanos. Depois conversamos, batemos um papo, discutimos sobre as influências que temos em comum e a partir disso as pessoas vêem que somos pessoas bem legais. Chegamos até a fazer convênio com outras bandas e tal, se por ventura  a banda em questão puder nos encaixar em algum evento, eles encaixam, ou vice-versa, e assim vamos tendo contato. Eu particularmente tenho mais contatos no meio secular do que no meio cristão, pois no meio cristão são poucas as bandas existentes no estilo do metal. Vemos muita banda na igreja, mas fora da igreja é incomum. Temos sempre uma boa interação com a galera de outras bandas.

P: Qual o objetivo de vocês ao tocar gospel em forma de heavy?
Diego: Nosso objetivo é meio questionativo, pois as pessoas costumam pensar que o heavy metal não tem nada a ver com musica cristã, então nós temos a proposta de quebrar esse tabu e mostrar que, além do heavy metal ser um som pesado e que gostamos de fazer, pode também passar uma mensagem positiva, passar uma mensagem do que cremos, pode-se contar uma experiência que tivemos, ou uma experiência pessoal, tudo isso com bases bíblicas; ou também pode-se contar sobre sentimentos ofuscados, sobre mágoas que podem ser saradas e sobre alguém que pode curá-las. Nós cremos nisso, que Jesus Cristo é nosso salvador e que, através de nossa crença, podemos resgatar e levar essa mensagem para muitas pessoas. No último sábado, um guitarrista de outra banda chegou e disse que tocávamos muito bem e ainda
Campo de Batalha em apresentação no projeto Planeta do Som no dia 23/09/14.
falou uma coisa que me gratificou muito; ele disse que conhecia três bateristas muito bons, e que eu era o terceiro.  Então eu disse: “Ah, cara... Para com isso. Você ta brincando, né?”; Mas aí ele falou: “Sério, cara... Sem demagogia, estou falando sério”. Naquele momento me senti honrado, e agradeci pelo elogio. Eu levo isso para a banda porque nós somos como uma família. Nessa nova formação, vamos nos entendendo, contribuindo uns com os outros. A faixa etária da banda é diversificada, uns são adolescentes, já outros são adultos, com isso trocamos experiências e isso nos permite passá-las para as canções, experiências essas que podem ser repassadas para outras pessoas que podem ter passado pelas mesmas situações, fazendo com que a pessoa se identifique com a música. Não temos o intuito de forçar a nossa crença para alguém, isso está fora de cogitação; nossa idéia é de tipo, se você quiser aceitar a crença, beleza; mas se não, beleza também, estaremos orando por você. E assim vamos seguindo.

P: Vocês já tocam há um bom tempo, e já devem ser bem conhecidos em Belém. Como está a agenda de vocês?
Diego: Olha, vou ser sincero, eu realmente espero que estejamos conhecidos aqui porque, com isso, receberemos convites. Na verdade, nós temos ido atrás, como toda banda com formações novas (como é nosso caso). No dia 2/10 estaremos no Distrito, tocando em um evento escolar, no dia 9/10 estaremos em Mosqueiro, em um festival de música gospel, e no dia 17/10 estaremos em Icoaraci, em outro festival de música gospel. Nós cremos que, fazendo boas apresentações, muitas portas se abrirão e convites irão aparecer.

P: Por último, qual a mensagem que você deixa para as demais bandas?

Campo de Batalha em apresentação no projeto Planeta do Som no dia 23/09/14.
Diego: Cara, eu fiquei muito feliz quando soube que íamos tocar com o Agressive State, pois já tínhamos visto essa banda em outro evento, e vimos que essa banda toca muito bem, então ficamos bem felizes. Tem o pessoal do Frances, todos têm estilos bem diferentes. A mensagem que eu deixo para eles é: Continuem na luta, pois ser banda underground não é fácil, todos sabemos que isso tem um alto custo, mas é algo que gostamos de fazer. Temos que pagar ensaio, transporte, manutenção de equipamento... Acho que, com a banda, já gastei um valor como o da minha casa. Geralmente, quando as pessoas começam nesse ramo, têm aqueles interessados e outros que não são, têm o cara que teve a idéia e bota tudo para frente, ele é o que não desiste. Eu sou esse cara da minha banda de hoje, eu fui esse cara que não desistiu, mesmo com a saída dos integrantes da banda, eu não desisti. Só dei um tempo. Não é fácil, pois temos que conciliar nosso tempo com o trabalho, a vida pessoal exige muito, entendeu? Tem a família, namorada, faculdade, tem que se manter financeiramente, já que a banda ainda não dá frutos financeiros. Eu estava conversando com o tecladista da banda nesse sábado, e eu disse para ele que meu sonho era poder viver da música, pois é uma coisa que eu gosto muito. Estou cursando uma faculdade de outra área, mas sonho em um dia depender apenas da música. Enfim, o que posso dizer é que o pessoal não desista, pois, ultimamente, a cena musical tem crescido bastante em Belém com bandas extremamente boas. Então, em nossas reuniões eu sempre digo que não é fácil, que somos seis cabeças diferentes, mas que temos que chegar em um denominador comum e, se quisermos ver nossos sonhos se concretizarem, temos que trabalhar. Trabalho esse que não é apenas tocar; O trabalho vem desde o marketing da banda; nossa logo está nos custando duzentos e cinqüenta reais, porque estamos fazendo a nível profissional, com tratamento no photoshop, têm até ensaio fotográfico. Não queremos mais chegar num evento e não ter foto da banda. Tudo isso tem um custo, às vezes um não tem, com isso, os outros o cobrem.  É isso, temos que persistir, pois sempre há lutas, estamos em um campo de batalha. A luta nem sempre é espiritual, pois, às vezes, encontramos pessoas que querem nos derrubar. Lutar sempre, desistir jamais; É essa a mensagem que a banda deixa para o pessoal das outras bandas.

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Entrevistadores: Tamires Nobre e Mateus Ataíde
Transcrição: Samuel Ferreira
Edição: Tamires Nobre
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