quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Entrevista com Vitor Morte, da banda Marvin Ataca

Entrevistamos na última semana o baixista da banda de blues Marvin Ataca, Vitor Morte, que irá se apresentar no próximo Planeta do Som Show no dia 31/10/2014, às 18h no IFPA - Campus Belém. Ele nos contou sobre o processo criativo da banda, sobre como conheceu o blues e deu até alguns toques para o pessoal que está começando no meio musical. Além do Vitor, fazem parte da banda André Vinícius (vocal/harmônica), Marcelo Nascimento (guitarra) e Jonas Pena (bateria). Uma curiosidade: Alguns deles são ex-alunos do IFPA!


Marvin Ataca.

P: Como surgiu a idéia do Marvin Ataca?
Vitor: O Marvin surgiu no ano de 2010, com uma proposta de blues raiz, sabe? Nós tocávamos aquele blues mississipiano, com gaita e violão. Mas devido à saída de alguns integrantes da banda, nós mudamos nossa proposta, saindo daquele blues “pesado, de chão”, misturando com funk, soul. Nós também já tentamos misturar com samba; sempre tentamos fazer misturas malucas com o blues.

P: Como vocês se conheceram?
Vitor: O gaitista/vocalista é meu irmão, então sempre nos conhecemos. O guitarrista (Marcelo) estudou comigo e com a galera que fazia o lance aqui no IFPA. Basicamente, todos vieram daqui [IFPA].

P: Quais são as influências musicais de vocês? 
Vitor: É difícil falar, pois cada um dos membros tem uma influência própria. O meu irmão, por exemplo, por ser gaitista, tem muita influência de outros gaitistas da década de 50. Eu, por ser contrabaixista, já tenho uma “pegada” mais funk. Já o Marcelo é mais do heavy metal. Nós tentamos misturar isso e criar um estilo só.
Marvin Ataca em ensaio.


P: E em relação ao blues raiz citado anteriormente, vocês buscam trazer uma manifestação afrodescendente em suas músicas?
Vitor: Não. O que nós fazemos é voltado para o lado musical mesmo. Tanto é que, ao analisar nossas letras, vocês irão achar histórias como, por exemplo, um homem que foi chutado por uma mulher ou a abordagem de temas como a idéia de que o blues é do diabo. Nós tentamos usar o que temos e o que vivemos para colocar nas músicas.

P: O que mais podemos encontrar na música de vocês?
Vitor: Geralmente nós contamos alguma história em nossas músicas. Existem, claro, algumas exceções. Eu, por exemplo, costumo escrever sobre um cara que encontrou uma “mulher diabo”. Já o meu irmão costuma fazer algumas críticas sociais, coisa que eu não consigo fazer.

P: Todo o trabalho de vocês é autoral?
Vitor: Não, nós temos sim algumas músicas autorais, mas não são todas. Eu não chamo de cover o que fazemos, já que pegamos músicas existentes e fazemos umas mudanças misturando-as com um pouco de funk e soul.

P: Qual a origem do nome da banda?
Vitor: Na verdade, ninguém faz idéia alguma sobre o significado do nome, sabe? Nós estávamos pensando em nomes para a banda, e simplesmente surgiu o nome Marvin Ataca por parecer legal e combinar com o blues.

P: Como você conheceu o blues?
Vitor: Quando comecei a tocar, eu gostava muito de punk. Cheguei, inclusive, a tocar em bandas covers punks. Mas, o que aconteceu foi que, quanto mais eu aprendia a tocar, mais eu procurava me aprofundar. Logo eu comecei a procurar algo que fizesse com que eu me sentisse melhor. Quando passei a freqüentar aulas de contrabaixo, eu aprendi a improvisar. Eu amo tocar contrabaixo com o improviso. Devido a isso, eu conheci o blues.

Marvin Ataca em apresentação. Fotógrafo: Mário Guerrero
P: Você acha que, no blues, o improviso é essencial? Há uma necessidade de possuir conhecimento teórico?
Vitor: Na minha opinião, não há a necessidade de ter conhecimento técnico. É só relembrar o passado. Os caras nem violão tinham. Eles usavam um banjo só com duas cordas, e ainda tiravam um excelente som. Independente do gênero musical, o mais importante é o espírito da pessoa.

P: Como ex-aluno do IFPA, o que você sente ao voltar e tocar aqui?
Vitor: Ah, já é a quarta vez que tocarei aqui. Então, já sou meio experiente com o público daqui. [risos]

P: Como você acha que está o andamento de projetos de música de uma forma geral?
Vitor: Tem o lance do dono de bar que, visando apenas o lucro, vai contratar um cara que faz voz/violão, tendo, assim, um custo relativamente baixo com equipamento. Por isso que é difícil encontrar um bar que disponibilize equipamento para as bandas, o que nos faz com que tenhamos mais perdas do que ganhos. Digo isso por experiência própria. Sempre tem esse lance de pagar para tocar. Devido a isso, digo que a música alternativa em Belém está desvalorizada. É obrigatório ter contatos bons para continuar nesse ramo.

P: Para finalizar, qual a mensagem que vocês deixam pras outras bandas?
Vitor: Como músico de uma banda autoral e alternativa, tudo se resume em ralar muito e ter bons contatos. Já como músico em geral, tudo se resume apenas em treino.

Se vocês gostaram do que leram aqui, não deixem de ir conferir o som do Marvin Ataca nessa sexta-feira! Esperamos vocês lá!
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Entrevistadores: Tamires Nobre e Mateus Ataíde
Transcrição: Samuel Ferreira
Edição: Tamires Nobre e Samuel Ferreira
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