O Planeta do Som realizou nesta semana uma entrevista com Rafael Oliveira, guitarrista e vocalista do Ultramodernos, que é uma banda autoral Indie/Stoner rock de Icoaraci que vai se apresentar no próximo evento do projeto. Ele conversou com a gente sobre o surgimento da banda, como tudo começou, sobre o significado do nome da banda e sobre como eles pretendem lançar seu material. Além de Rafael, a banda é composta por Guilherme Morais (vocal/guitarra), Pedro Guedes (bateria) e Bruna Sousa (baixo).
P: Como o Ultramodernos se formou?
Bruna Sousa e Pedro Guedes, da banda Ultramodernos, em apresentação
no dia 22/11/14, no Bar Gato Verde em Icoaraci - Belém - PA.
Rafael:A banda se formou após o término da minha antiga banda Jonny Money, da qual o Guilherme também fazia parte. A banda terminou e nessa separação ele viajou para Fortaleza, onde teve a oportunidade de ver os shows das bandas nacionais que nos influenciavam, Vivendo do Ócio e Selvagens à Procura de Lei.Isso fez com que se abrisse uma gama de ideias baseadas na cena da música no Nordeste que respeitamos muito. Em Belém eu havia visto o show de Rock Rocket, Matanza e Black DrawingChalks, estávamos nos mantendo em contado e trocando ideias sobre isso.Nessa hora a gente já sabia que a cena independente no rock nacional estava ganhando um punch a mais. Mas antes do Guilherme voltar em 2011, eu já havia experimentado a ideia com outra formação.No começo, queríamos fazer um rockabilly/psychobilly, mas logo vi que isso não era a minha praia, então quando o Guilherme voltou de Fortaleza unimos as forças e ideias pra efetivar o que seria “O” Ultramodernos. A banda teve muitas formações antes da atual, trocamos duas vezes de baixista e umas cinco vezes de baterista, chegamos a ficar um duo onde eu tocava bateria (pra nunca mais espero), até que um dia cansei e chamei a Bruna pra tocar baixo, na verdade nem foi um
convite, foi meio que uma intimação [risos].Eu dava aula de guitarra pra ela desde quando ela tinha uns 15 anos eu acho, e num belo dia cheguei e disse que ela ia tocar baixo na banda, ela curtiu bastante e acho que se encontrou nos graves.Quanto ao João foi tipo: cansados de trocar de baterista, o Guilherme chegou e disse que eu deveria assistir ao show da The CrushMachine. Quando vi juro que não acreditei: um cara tocando bateria com tanta força, com tanta raiva que me hipnotizou e nem prestei atenção nas músicas da banda, só no batera, o cara destruía, nessa hora eu falei pro Guilherme que havíamos encontrado o cara certo. Acho que acertamos. Eu quero tocar com eles pelo resto da minha vida. P: Qual a ideia por trás desse nome?
Rafael: O nome Ultramodernos veio de uma ideia maluca, uma mistura inspirada na teoria filosófica do ciclo do infinito, o ciclo do carbono, onde se fala da imortalidade das coisas e dos seres, tipo, os átomos que compõem meu corpo hoje já estiveram provavelmente nas cinzas vulcão no meio do Japão há milhões de anos e daqui a mais um tempo vai estar compondo outro corpo. A aliança é infinita, seu começo é o próprio fim, mas cada começo é novo.A música hoje em dia aplicada a essa ideia é a nova volta da aliança, onde se pega a fórmula da música pop de intro/verso/refrão deixada pelos Beatles e refaz, onde talvez precisassem destruir tudo e dos escombros construir algo novo. Sobre o novo, a atual cena musical do mundo diz isso, nada de novo no fronte, só velhas ideias sendo reaproveitas, sendo mais mastigadas a ponto de ficar mais fácil para o público engolir, as bandas fazem isso,” O” Ultramodernos (no masculino pela referência, como sendo “o conceito filosófico Ultramodernos” do nome) escuta o velho pra fazer o novo. Ultramodernos é isso, Ultramodernos tem a cara dessa cidade, Belém do Pará, a cidade quente e úmida, tropicália amazônica, a serpente que devora o próprio rabo, a cidade que se sorve entre o verde e o concreto, na acidez dos sons dos trópicos, rock androll ácido e dançante, que se consome no infinito. A formação, Rafael Oliveira e Guilherme Morais, armados de guitarras com munição infinita de eletricidade e drives se unem para o novo, assim como a semente nova provida do fruto podre. Assistidos por Bruna Sousa, a rock androllqueen do contrabaixo, Delta dos graves como o motor que faz a máquina trabalhar, a alma da FemmeFatale cantada pelos Velvets, mais a bateria de Pedro Guedes que é os trilhos onde a locomotiva a vapor moderna avança direto da revolução industrial para a corrida espacial, assim quando tudo avançar, tudo então será primitivo, o moderno hoje, amanhã ultrapassado e no infinito, a volta ao início, o moderno novo, o novo velho, SUPER, HIPER, ULTRAMODERNOS. P: O que motiva vocês a tocar? Rafael: Acho que somos máquinas movidas à música, a vontade de fazer música, não sei dizer o que seríamos sem o rock androll.Tivemos nossas ideologias formadas pelos nossos ídolos, isso nos motiva todos os dias, a vontade de tocar e cantar. P: Quais as suas influências musicais? Rafael: A ideia da banda é misturar dois estilos distintos em prol de um som novo, trabalhar o Indie nas linhas dançantes como as bandas de “rockinho” como chamamos tipo Stones e Beatles mais a linha “retona” do stoner rock de Fu Manchu, Kyuss, Queens ofthe Stone age. Mas a gente escuta tudo e mesmo que por um segundo você vai achar Black Sabbath, Led Zeppelin, The Doors, um pouco de trash metal, de grunge, Mutantes, enfim, só escutando pra saber. P: Qual a visão de vocês, como uma banda autoral e independente, da cena musical da região?
Guilherme Moraes e Rafael Oliveira, da banda Ultramodernos,
em apresentação no dia 22/11/14, no Bar Gato Verde em Icoaraci - Belém - PA.
Rafael:Difícil dizer se existe realmente cena independente, sempre estamos à mercê de algo; mas acho muito interessante ter a liberdade da criação e poder fazer por nós mesmos.Agora quanto à cena independente, ela está crescendo, só acho que ela seria mais forte se houvesse maior união e maior vontade de agregar as coisas à cena.
P: Vocês pensam em gravar CD? Alguma previsão de quando isso pode acontecer? Rafael: Estamos gravando sem pressa, queremos que a nossa primeira impressão fique. Acho que não lançaremos um álbum completo. Talvez a gente fique mandando uns EP’s de vez em quando, quem sabe no futuro a gente faça um álbum de verdade.Acho isso de álbum uma responsabilidade muito grande, coisa de mainstream, obrigação de fazer juntar muitas músicas num disco e fazer ele ser completo do começo ao fim.Acho que a rapidez da informação não deixa mais a galera curtir um disco inteiro, só aquela galera mais radical como eu por exemplo que ainda pego o disco, sento e escuto todo.
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